Dienstag, 4. Januar 2011

A Aloe (babosa) em séculos de história

A Aloe (babosa) em séculos de história

Quando revejo documentos antigos em minha biblioteca particular, surpreendo-me sempre com as menções à Aloe. Essa planta medicinal, há milênios, acompanha a humanidade. Ela está, firmemente, ancorada à história do homem faz parte de nossa civilização. Quem se ocupar em observar mais detidamente essa planta fascinante, há de constatar que, por trás de sua modesta aparência, escondem-se forças curativas de diversidade e eficácia incomuns.

Sua aplicação externa e, também interna, há séculos vem proporcionando inúmeros benefícios à saúde do organismo humano. O miolo das folhas fornece um suco que contém mais de 300 diferentes substâncias vitais, como vitaminas, sais minerais, oligoelementos, aminoácidos e enzimas e representa, até hoje, o melhor remédio da farmácia divina na terra.

Um resumo dessa história já pode ser encontrado na antiga e respeitada primeira edição da Farmacopéia alemã, que no ano de 1873, após a criação do segundo império pelo príncipe Otto von Bismarck, substituiu, por intermédio do comunicado de 1° de julho de 1872 , as várias farmacopéias que havia nos diversos Estados e Reinos da Alemanha.

O texto de quatro páginas sobre a Aloe, que consta do “Commentar zur Pharmacopoea Germanica“ (Comentário à Farmacopéia Germânica), como essa admirável obra foi denominada, é o seguinte: “A Aloe parece ter encontrado aplicação médica desde tempos imemoriais. Diz-se que Alexandre Magno (333 AC) enviou homens gregos à Ilha de Socotorá, uma ilha na ponta oriental da África, para difundir a cultura da Aloe. Dioscórides e Plínio além de mencioná-lá, diferenciam diversas espécies e têm conhecimento de falsificações da mesma.

Desde o início da era cristã, a Aloe foi um dos remédios mais utilizados. Alexandre Trallianus, médico em Tralles, na Lídia, e, mais tarde, em Roma (555), já preparava um extrato líquido desta planta“.

Na terceira edição desta Farmacopéia que, no ano de 1891, levou o título “Kommentar zum Arzneibuch für das Deutsche Reich“ (Comentário ao Livro dos Remédios para o Império Alemão), encontram-se indicações complementares ao mais antigo registro sobre a Aloe. Trata-se do Papiro de Ebers (egiptólogo), que se calcula ser da época de dois mil a mil anos antes de Cristo.

Muitas vezes a citação de Aloe no Velho Testamento – Provérbios de Salomão cap. 7, versículo 17 – é atribuída, erroneamente, à planta medicinal Aloe. Nesse caso trata-se, contudo, da madeira Aloe, Lignum aloës agallochia, rica em resina, utilizada então para ser mastigada e fumada, árvore existente na Cochinchina e Assam, catalogada como Aquitaria agallocha Roxburgh.

Essa madeira, espessa e pesada, de cor marrom avermelhado, também é conhecida como madeira da águia, madeira de agallocha, madeira do paraíso ou madeira Kalambak e provém da Exoecaria Agallocho. O aquecimento dessa madeira espalha um odor agradável, animador. De outra forma, não faria sentido o versículo 17 do livro de Salomão: “perfumei a câmara de mirra e de aloés, e de cinamomo“. Quem haveria de espalhar, em seu dormitório, um líquido pastoso extraído da planta medicinal Aloe? Tratava-se muito mais de perfumar o ambiente com a madeira Aloe. Mesmo o Imperador Napoleão I usava-a como perfume em seus palácios.

A Aloe na Babilônia e no Egito

A mais antiga menção à Aloe vem, provavelmente, da Babilônia. Foi encontrada uma receita de Aloe inscrita numa tábua de argila (de aprox. 4200 a.C.). Há mais de 5000 anos, a planta medicinal Aloe já era muito apreciada no velho Egito dos faraós. Devido ao seu poder de cura, eram-lhe atribuídas forças religiosas e ela era conhecida, como “planta da imortalidade“. Os velhos egípcios denominavam o líquido extraído das folhas de “o sangue dos deuses“.

Encontramos seus vestígios em desenhos nas paredes dos templos e nos túmulos dos faraós. Também aparece em diversas escritas em forma de hieróglifos. As portas de entrada eram adornadas, no velho Egito, com uma folha de Aloe e ela era usada também como presente de núpcias, expressando votos de felicidade, com saúde e vida longa ou como presente, quando da abertura de um negócio.

Os achados mais antigos relacionados às suas propriedades medicinais provêm, no entanto, não do Egito e, sim dos sumérios, os antecessores da alta cultura da Mesopotâmia. Numa placa de argila do século 18 a.C., desenterrada na cidade suméria de Nippur e decifrada em 1953, já estavam bem descritos os efeitos medicinais da Aloe. O Livro Egípcio de Remédios, ou seja, o já mencionado Papiro de Ebers, foi datado como sendo de 1550 a.C.. Ele está guardado na Universidade de Leipzig e contém pelo menos doze receitas medicinais, nas quais ela é destacada de maneira especial. Diz-se que Cleópatra e Nefertite apreciavam seu efeito.

O gel extraído de sua folha presta-se, excelentemente, para o tratamento da pele e serve, até hoje, como fator de embelezamento. As valiosas substâncias nela contidas têm um efeito alisante, pois aglutinam os elementos líquidos e deixam, assim, a pele mais lisa. É de se supor, todavia, que os velhos egípcios empregavam o seu suco contra queimaduras, picadas de insetos e também como desodorante.

Até agora não foi possível provar, cientificamente, que a Aloe tenha sido utilizada no embalsamamento de nobres e faraós do Egito. Nos textos achados, ela não é mencionada, especificamente, para tal finalidade. Talvez tenha sido incluída na lista dos produtos das fórmulas para embalsamar no grupo mencionado como “outros óleos e misturas“, já que, na época, a Aloe era um recurso evidente.

É de se supor que ela era utilizada para isso, pois mais tarde tornou-se costume, empregá-la em funerais. Ela também foi acrescida aos rituais fúnebres dos israelitas, que por muito tempo viveram no Egito. Mais tarde, encontramos também uma descrição do sepultamento de Cristo, em que foram utilizadas 100 libras/peso (= 32 kg) de Aloe e mirra, conforme consta nas Escrituras Sagradas – Evangelho de São João, cap. 19, versículos 39-40.

O ungüento do tempo de Jesus à base de Aloe

Prof. Fida Hassnain de Caxemir, Doctor of Indology, relatou ter o pesquisador Mirza Ghulam Ahmad chamado a atenção dos estudiosos para o ungüento usado no embalsamento e cura das feridas de Jesus. Vejamos o que ele mesmo diz: “Chegou ao nosso conhecimento um documento muito antigo de grande valor, pois pode estar relacionado à vida de Jesus. Trata-se da receita de um ungüento conhecido como “Marham-i-Issa” que vem sendo registrado em centenas de livros médicos desde tempos imemoriais. Pesquisas demonstram que o preparo do ungüento era conhecido por milhares de pessoas por meio da tradição verbal e foi registrado um pouco depois da crucificação de Jesus Cristo na farmacopéia latina“.

O estudioso também cita os títulos de 23 tratados médicos que mencionam esse ungüento. Abu-bakr Mohammad Zakariya Razi (864-932), conhecido na Europa como Rhazes, escreveu diversos tratados médicos, alguns dos quais foram traduzidos para o Latim. Ele mencionou esse ungüento em um tratado publicado em 1489, em Latim, com o título “Liber Almansoris-Continens“ e a tradução em inglês foi publicada em 1848. Sua enciclopédia médica original foi chamada de “Havi-Kabir“.

Um tratado publicado em árabe sob o título “Kamil-us-Sanaah“, por Ali bin Abbas al-Majusi (datado de 994), que era conhecido na Europa como “Haly Abbas“, é uma fonte médica importante. Foi publicado, em latim, sob o título “Liber Regius“, em 1492. Esse tratado também foi publicado em francês sob o título “Trois Traites de Anatomie Arabs“ em 1504.

Outro tratado médico famoso foi o “Al-Qanun-fi-al-Tibb“, de Abu Ali Hussain bin Abdullah bin Sena (980-1037). A versão, em latim, de Gerard of Cremona foi publicada em 1544 e é conhecida em inglês como “Canon of Medicine de Avicena”. Outro importante tratado médico, conhecido como “Hesagps“, por Jarjani, menciona o ungüento.

O ungüento do tempo de Jesus é conhecido como “Marham-i-Havarin“, o ungüento dos apóstolos, ou ”Marham-i-Rusul”, o ungüento dos profetas, ou “Marham-i-Shalikha”, o ungüento de Sheliakh. Avicena registra que esse ungüento tinha poderes miraculosos para curar feridas. O uso do mesmo podia eliminar pústulas e restaurar o tecido lesado em poucos dias. Além de proporcionar a formação de tecido novo. O ungüento ajudava na circulação de sangue e na recuperação de entorpecimento de partes do corpo.

Os doze ingredientes do ungüento do tempo de Jesus eram: 1. Aloe soccotrina Lamarck (hoje substituída pela Aloe vera L.); 2. Cêra branca, cera alba; 3. Goma gugal, também conhecida como balsamum dendron mukul; 4. Litargírio, plumbi oxidum; 5. Mirra, resina retirada do balsamum dendron mirrha; 6. Galbano, galbanum officinarum; 7. Aristolochia longa; 8. Sub-acetato de cobre, cuprum sub-aceticum; 9. Goma amoníaca, ammoniacum extraído da Dorema Ammoniacum Don; 10. Resina de pinus longifolia, resina pini, resina alba; 11. Azeite de oliva.

Os ingredientes do ungüento foram registrados, inicialmente, na Pharmacopoea Grega. O grande Abbasid, imperador Mamun al-Rashid, (913-983) estabeleceu uma biblioteca e uma escola de tradução, em Bagdá, na qual se faziam versões em árabe de trabalhos gregos sobre medicina, ciências e matemática. Foi durante a idade de ouro da medicina islâmica que a Pharmacopoea Grega foi traduzida para o árabe e chamada de Qarabadin-i-Rumi ou Pharmacopoea Latina. Esse tratado também foi traduzido para o persa e chamado de Qarabadin-i-Unani ou Pharmacopoea Grega. Todos esses tratados médicos mencionam o ungüento de Jesus e os ingredientes usados para sua fabricação.

O “Sudário Sagrado”, que é tão venerado em Turim, foi declarado autêntico no fim do ano 2002. É interessante ressaltar que os cientistas que o investigaram não eram conhecedores dos ingredientes do ungüento, mas de qualquer maneira já haviam identificado traços de Aloe e mirra. Seria de muita valia retomarem as pesquisas, uma vez que agora se conhece a fórmula completa do ungüento.

O autor da célebre obra “A história dos judeus“, Flávio Josefo (37-95 d.C.), descreveu os rituais de sepultamento dos israelitas, alí mencionando, porém, a Aloe como madeira perfumada. Sendo assim, todas as citações bíblicas da Aloe no Velho Testamento nada teriam a ver com a nossa Aloe. A tradução da palavra bíblica “ahalot“ sempre significaria, então, a mencionada madeira e não a planta medicinal. Está provado apenas que a Aloe era presenteada aos mortos e plantada em volta das pirâmides para a “viagem do faraó ao reino da morte“.

A Aloe na Ásia

Inquestionavelmente, a Aloe faz parte da lista das mais antigas plantas medicinais, conhecidas pelo homem. Também no Extremo Oriente e na Ásia, ela era muito procurada e considerada um remédio eficaz no tratamento de feridas externas e males internos. No ano de 600 a.C., a Aloe chegou à Pérsia, Sumatra e Índia, por intermédio de comerciantes árabes. Existem relatos de que as folhas de Aloe eram pisadas com os pés descalços e o suco secado ao sol. O pó daí resultante teria encontrado seu caminho rumo à Ásia. Na forma de remédio de fácil transporte foi levado pelas caravanas árabes. Acredita-se que a palavra Aloe venha desse época e tinha o significado de “amargo“.

Alexandre Magno e a Aloe

500 anos antes de Cristo, havia enormes plantações de Aloe, de alta qualidade (Aloé soccotrina Lamarck), na ilha Socotorá, no “chifre oriental“ da África. De lá, a mercadoria ia para a China, Índia, Malásia e Tibete. A lenda diz que Alexandre Magno conquistou essa ilha para melhor abastecer seu exército com Aloe, pois ele só partia para uma guerra quando dispunha de Aloe em quantidade suficiente para o tratamento dos ferimentos de suas tropas. A Aloe transformou-se, assim, numa planta estratégica, pois quem mais depressa conseguisse curar seus soldados, seria mais poderoso e reuniria melhores condições de vitória.

Depois da 2ª guerra mundial, a Aloe voltou a ser uma planta estratégica nos Estados Unidos. O exército dos Estados Unidos conta, até hoje, com o maior estoque estratégico de Aloe, para a eventualidade de um ataque nuclear ou de um grande vazamento radioativo em alguma usina atômica.

Em sua descrição da terapia de cura da Índia, o pesquisador Copra relata que desde o século IV a.C. era usual o emprego da Aloe (mussabar) no tratamento de dores e inflamações de partes do corpo e como laxante. No sânscrito, a Aloe tem o nome de Ghrita-kumari. No sânscrito Kuman, também significa menina. Acreditava-se que a força das plantas emprestava às mulheres a energia da juventude, com um efeito regenerador da natureza feminina. Na medicina Ayurveda da Índia, encontram-se diversas indicações de aplicação da Aloe como revitalizante para o rejuvenescimento, alívio de dores na menstruação e estabilizadora da circulação. A Ayurveda engloba o ser humano inteiro: alma e corpo devem viver em harmonia para se tornarem e permanecerem saudáveis.

Na China, a Aloe é conhecida como lu wei (tempestade negra) e também hsiang-tqan (bílis de elefante – devido ao sabor amargo). Existem documentos chineses versando sobre a Aloe desde a Dinastia Tang, no início do século VII. Esses registros (Li Sun, do ano 625) tratam, pormenorizadamente, de êxitos com uso interno em casos de sinusite, febre infantil causada por parasitas e, mediante uso externo, em problemas de pele.

A Aloe junto aos gregos e romanos

Enquanto Hipócrates, o pai da medicina (460-375 a.C.), não se refere à Aloe em suas obras, o médico e físico grego Pedáneo Dioscórides, de Anazarbas (na Cilícia) foi quem, no primeiro século da Era Cristã, mais detalhadamente descreveu os efeitos benéficos da Aloe e sua aplicação no combate a várias doenças.

Não era um livro qualquer; mas, sim, uma edição de luxo da famosa farmacologia de Dioscórides com o título grego Peri hyles iatrikes (em português, aproximadamente Das Plantas Medicinais), usualmente conhecido por seu nome latino De materia medica. Graças a suas descrições e indicações precisas sobre a utilização, os efeitos e as doses, o compêndio logo se transformou em um manual padrão para médicos e farmacêuticos.

Seus textos, em cinco volumes, foram, por 1500 anos, a obra didática mais destacada da farmacologia e farmácia do ocidente; no ano de 512, a Aloe é apresentada até em cores. Nesses volumes, encontramos os seguintes textos: “....de odor forte e sabor amargo, tem apenas uma raiz e um tronco. Cresce muito na Índia, de onde também vem o suco. Cresce também na Arábia e na Ásia e em determinadas faixas litorâneas e ilhas....Tem o poder de fechar feridas, aliviar as dores, secar as feridas, fortalecer o corpo e limpar o estômago...tem o efeito de estancar o sangue e inibir inflamações. Ingerida com vinho, água ou mel, a Aloe funciona como um tônico estomacal e, em quantidades superiores a três dracmas (grego: mãos cheias), como purgante. Na mistura com outros purgantes, esses têm um efeito mais moderado sobre o estômago. Seca e transformada em pó, a Aloe cura ferimentos e fecha abscessos. Cura rapidamente doenças sexuais e as feridas da circuncisão de meninos judeus (no oitavo dia depois do nascimento, feita como símbolo do pacto celebrado por Deus com Abraão). Tomada com mel, ela faz cessar o sangramento de hemorróidas e tem o efeito de curá-las. Sara inflamações e o ardor nos olhos, alivia dores de cabeça pela aplicação duma mistura com vinagre e rosácea na testa e sobrancelhas. Misturada ao vinho, ela combate a queda dos cabelos e a mistura com vinho e mel cura inflamações na gengiva e feridas na área bucal“.

Esses textos estão atualmente na Biblioteca Nacional da Áustria, em Viena, sob o título Codex Anicine Julianae.

No século XII, o grande especialista árabe Al-Idrisi sentiu-se impelido a proferir uma louvação quase blasfema: “Então também eu captei com os olhos a fonte da qual eles hauriram, e o tesouro do qual eles pediram emprestado, (e) vide, este é o livro do grego Dioscórides, que ele redigiu sobre os remédios mais simples que vêm das plantas, dos bichos e do reino mineral. Então eu o transformei em meu Alcorão e o estudei com fervor, até que tivesse decorado todo o saber nele contido....”

Plínio, o Velho (23-79 d.C.), igualmente um célebre físico, também já havia chegado a conclusões semelhantes às de Dioscórides, que viveu por volta do ano 50 d.C., sob o reinado de Nero. Dioscórides tornara-se conhecido em todo o Oriente como médico-viajante e pesquisador da natureza. Em vários livros, ele publicou uma teoria terapêutica contendo muitas receitas para o tratamento de algumas centenas de doenças.

Em seus extensos capítulos sobre o efeito positivo de plantas, ele descreve a Aloe como uma de suas preferidas. Recomendava a aplicação do sumo fresco da Aloe em muitos casos, como tratamento de feridas, dores de estômago e intestinais, inflamações da gengiva, dores nas articulações, coceira, queimaduras do sol, acne e queda dos cabelos.

A partir do segundo século da Era Cristã, a Aloe passou a ser um dos principais componentes da terapia ocidental e muito utilizada pelos médicos romanos Galeno, Antillo e Aretaco. O médico grego Paulo de Egina descreve a, no ano de 685, como remédio contra inflamações e utilizava-a contra tumores e dores externas.

As cruzadas trazem a Aloe à Europa Ocidental

No século IX, aparecem os escritos do célebre filósofo, arquiteto e médico árabe Avicena, confirmando as observações de Dioscórides e Plínio, complementando-as com o tratamento dos olhos e também, de forma muito interessante, da melancolia (!). Em seus textos, ele usa para a Aloe a denominação sabhra ou sebrara (sírio), respectivamente Sabir ou sabr (árabe), que significam “substância amarga e brilhante“.

As cruzadas, a conquista de Jerusalém e a ocupação da península ibérica pelos árabes trouxeram mais um impulso para a divulgação da Aloe e seus múltiplos poderes de cura. No século X, o patriarca de Jerusalém recomendou essa planta medicinal a Alfredo, o Grande, da Inglaterra. Por esse caminho, ela chegou à Bretanha.

Durante a Idade Média, a utilização da Aloe se propagou pela Europa, sobretudo na Espanha, Portugal e Itália, onde também passou a ser plantada. Por ocasião de suas fantásticas viagens ao Extremo Oriente, Marco Polo anotou muitos exemplos de aplicação que lá encontrou. Na célebre escola de medicina de Salerno, era o remédio mais utilizado. Robert Dehin exaltou-a em versos em seu conhecido livro Docteur Aloes. Numa poesia, ele já escrevera, então, que a Aloe destrói o câncer.

Mesmo Theophrastus Bombastus von Hohenheim, mais conhecido como Paracelsus, descreve a de forma pormenorizada em sua grande obra do ano de 1529 e que, atualmente, vem sendo reimpressa. Numa carta a Amberg, ele menciona “a misteriosa e secreta Aloe cujo suco dourado cura queimaduras e desintoxica o sangue“.

A Aloe na América

Na América, os maias da península de Yucatán e os aborígenes da Flórida tinham alto apreço pela Aloe, “fonte de eterna juventude“.Os indígenas estavam familiarizados com seu uso medicinal. Esfregavam o suco diluído por todo o corpo, a fim de se proteger de mosquitos durante suas árduas caminhadas por terrenos pantanosos. Essa propriedade de repelir insetos passou a ser usada, mais tarde, pelos índios , para proteger a madeira e outros materiais mediante aplicação de suco da Aloe, garantindo-lhes a preservação por muitos anos.

Colombo ficou entusiasmado com a grande quantidade de Aloe que encontrou no Novo Mundo e comunicou ao administrador do tesouro real, Luis de Santágel, o seguinte: “Suas Altezas, já agora, podem estar certas de que poderei trazer-lhes tanto ouro quanto quiserem (...) Além disso estarão à sua disposição especiarias, algodão e resina de mastique nas quantidades que desejarem (...) Também Aloe e escravos poderão ser importados na quantidade desejada“. Colombo já se considerava o salvador das finanças do Estado! Em seus diários Colombo cita, nos dias 21 e 23 de outubro de 1492, as espécies de Aloe encontradas na América e ordena que uma boa quantidade seja levada a bordo.

No século XV, os jesuítas “descobriram“ na Espanha, o seu alto valor de cura, depois de terem estudado os textos antigos dos gregos e romanos. Como acompanhantes dos descobridores e conquistadores, sempre levavam espécies de Aloe na bagagem e disseminaram, pela América Latina até o México e Texas, as espécies conhecidas na Europa e África.

A demanda por Aloe crescia sempre mais e, por isso, a Coroa Real Inglesa decidiu criar um centro de produção em sua colônia de Barbados. Em 1775, o historiador Griffith Hughes escreveu: “Cada escravo pega três ou quatro baldes. Eles cortam as folhas na parte final da raíz e as deitam nos baldes com a superfície de corte para baixo. Como as folhas dispõem de veias longitudinais, o suco flui em gotas sendo, então fervido por cinco horas numa caldeira de cobre, até que se forme um resíduo sólido, parecido ao açúcar...“.

Essa produção, em larga escala, não se limitou a Barbados. Pouco depois, também foi encontrada na África do Sul, em Aruba, nas costas do Mar Vermelho, nas Antilhas Holandesas, na Ilha de Curação e na Jamaica. Em 1801, o historiador Quilame Olivier relatou que, na Índia, a Aloe era utilizada para regular a menstruação e aumentar a fertilidade. Em seu livro de consultas sobre a economia da Ìndia, Sir George Watt publicou, em 1908, que ela era empregada no tratamento de mais de 40 enfermidades.

Em 1701, o Duque de Braunschweig-Wolfenbüttel da Alemanha mandou cunhar uma moeda de prata com o desenho da Aloe. O motivo foi o florescimento de uma Aloe na Alemanha.

A Aloe entre os povos nativos da África

Relata-se que o botânico inglês M. Miller, ao chegar ao Cabo da Boa Esperança, ficou admirado com a pele muito bonita e lisa dos nativos, inclusive, dos mais idosos. Ele passou a observar sua forma de vida e constatou que lavavam seu corpo e seus cabelos com o gel da Aloe. Hoje é sabido que ela não apenas cura a pele, mas que também lhe dá tratamento e proteção, servindo ao mesmo tempo por isso como proteção contra picadas de insetos. Também funciona como desodorante e, por isso, os nativos tomavam banhos de Aloe, para abrandar o cheiro de sua pele. Dessa maneira, também suas caçadas tinham mais sucesso, já que os animais não sentiam seu odor.

O célebre pesquisador da África, Sir Robert Burton, observou um ritual de enterro dos aborígenes na Etiópia e na Somália, em que a Aloe era plantada sobre os jazigos dos mortos. O florescimento da Aloe indicava que os falecidos tinham sido recebidos no paraíso. Uma outra tribo africana tomava banhos públicos usando o seu suco quando havia algum surto de gripe. Os médicos-feiticeiros bantus já diferenciavam vinte espécies diferentes de Aloe para o tratamento de feridas, inflamações nos olhos, resfriados e mesmo doenças sexuais, hemorróidas e mau funcionamento do intestino.


Aloe cristalizada para fórmulas e receitas secretas

Infelizmente, devido do clima frio, a Aloe chegou às regiões centrais e do norte da Europa, somente em forma cristalizada, ou seja, totalmente desnaturada. Nos países em que era plantada, sobretudo na África, o sumo era extraído pelos aborígenes, cozido, tornado consistente e processado até a cristalização, sob condições extremamente primitivas e sem higiene. A “Pharmacopoea Germanica”, de 1873, relata casos de impurezas e falsificações.

Na massa da Aloe, havia sido encontrado piche de navios e outras espécies de detritos, restos de areia, marfim queimado e resíduos de borracha. Apesar de terem sido processados mediante aquecimento, esses cristais desnaturados ainda se prestavam a muitos fins medicinais e uma rica coletânea de fórmulas atesta a grande variedade de aplicações por mais de 1000 anos. Contrariamente ao produto fresco das folhas vivas, esses cristais se tornaram conhecidos na aplicação de altas doses como forte laxante (Drasticum) e mesmo abortivo (Emmenagogum).

Uma grama de cristal de Aloe corresponde a, aproximadamente, 200 a 400 g de gel fresco da mesma planta. Devido à alta concentração da Aloe cristalizada, as quantidades necessárias eram pequenas. Na escrita da época, a Farmacopéia para o Império Alemão, de 1891, continha a seguinte observação: “Em pequenas doses (0,02-0,06 g) a Aloe é usada como tonificante, em doses de 0,06-0,3 g como laxante leve e em doses maiores como Drasticum. Ela é ministrada em casos de prisão de ventre, contenção digestiva e por seu efeito ativador dos vasos sangüíneos do baixo-ventre para dar fluxo às hemorróidas, como Emmenagogum, em congestões cerebrais, do coração e dos pulmões. Para uso externo, ela encontra aplicação como clister, pós e pomadas para os olhos, emplastros e, em estado líquido, para curar feridas. O povo consome a Aloe como laxante e até para combater a febre, tomando-a em quantidades maiores ou menores diluídas em aguardente“.

Uma frase da “Pharmacopoea Germanica“, o livro do farmacêutico do Império Alemão, de 1873, é muito curiosa. Lá se lê: “Devem ser repreendidos os farmacêuticos que, por pouco dinheiro, vendem grandes quantidades de Aloe para uso humano, o que eu encontrei freqüentemente. Para uso dos homens, eles bem poderiam vender a Aloe purificada, em forma de porções pequenas e, portanto, mais cara“.

Enquanto nos países mais quentes da Europa, África, Ásia e América, a Aloe era cultivada nos jardins e quintais como planta de primeiro-socorro, muitos habitantes da Europa do Norte e Central mantinham-na em seus lares ou jardins de inverno. Até 1920, ainda não havia luz elétrica em grande parte da Alemanha, nem ligação de gás nas cozinhas. A dona da casa tinha que manter sempre acesa a chama do fogão, rachar a lenha e trocar, constantemente, os anéis da chapa de aquecimento, conforme o tamanho da panela.

Para as freqüentes queimaduras no fogão caseiro ou ferimentos por corte na cozinha, mantinha-se, em casa, a planta da Aloe que se constituía, na época o remédio, mais eficaz e apreciado dada a rapidez com que ocorria a cura. Uma planta de Aloe vera L. fazia parte, naquela época, dos utensílios de cozinha.

Em fins do século XIX, o famoso escritor alemão Wilhelm Busch citava-a em suas alegres histórias ilustradas: “Eis a amarga Aloe; sentar nela, irá doer!“ Isso mostra que os habitantes da Europa Central, de língua alemã, sabiam muito bem que a Aloe tem um sabor amargo e suas folhas, espinhos agudos nas bordas.

Nas páginas 217-230 do primeiro volume do ano de 1920 da importante obra alemã “MANUAL DA PRÁTICA FARMACÊUTICA PARA FARMACÊUTICOS, MÉDICOS, DROGUISTAS E PROFISSIONAIS DA SAÚDE, DE HAGER“ são descritas detalhadamente diversas espécies de Aloe, locais onde são plantadas e métodos de avaliação. No entanto, só se fala dela já processada no local em que foi plantada, extraída, cozida, tornada consistente e transformada em massa cristalizada. Essa mercadoria aquecida e, portanto, desnaturada, era assim embarcada para a Europa e EUA. O manual compara os dados da Aloe constantes de diversas farmacopéias (Ph. Germ., Ph. Austr., Ph. U-St., Ph. Brit., Ph. Hung. e PH. Helvet.). Somente a Ph. Austr. cita a obrigatoriedade de receita médica. Nos outros países a venda era livre.

O manual traz 127 receitas que incluem a Aloe em sua composição e menciona os índices percentuais exatos de sua participação. Ademais são mencionados 61 remédios secretos que a contêm, mas sem indicação dos percentuais de participação na composição. Encontram-se aí nomes curiosos como: “Pílula do Imperador“, “Pílulas de depuração do sangue“, “Pílulas do Convento“, “Pílulas maternas“, “Pílulas de leite“, “Pílulas Universais“, “Pílulas laxantes do padre Kneipp“, “Pílulas suiças de Richard Brandt“, “Pílulas de Frankfurt“, “Pílulas balsâmicas“, “Pílulas de prata“, “Pílulas para o apetite e estômago, para aspersão em feridas moles e de mau cheiro e tumores”, “Testamento de Jerne“, “Chá Wühlhubert I e II do Pe. Kneipp“, “Amargo dos Santos“, “Gotas adocicadas para depuração do sangue“, “Gotas Warburg contra febre“, “Gotas pretas para depuração do sangue“, “Pomada vermífuga“, “Pílula anti-cólicas“, “Pílula laxante para cavalos e gado“, “Preparado preventivo de paralisia da coluna bovina“, “Linimento para febre aftosa“, “Pílula canina“, “Elixir contra icterícia bovina“, “Gotas da abolição“, “Bitter estomacal de ervas dos Alpes“, “Colírio de Brun“, “Pílula inglesa para cavalos“, “Licor da saúde“, “Morte das hemorróidas“, “Óleo vermífugo holandês“, “Gotas do Imperador“, “Essência de vida sueca“, “Amigo do ser humano“, “Pílula miraculosa“, “Pílulas depuradoras“, “Bálsamo vienense“, “Pílulas de sopa“, “Pílulas do Vaticano“, “Elixir de vida longa“, “Pílulas das faces rosadas“, “Pílulas italianas“ e “Pílulas dos capuchinos“. Essa relação mostra, claramente, o quanto se fez uso da Aloe nos últimos séculos.

Esse importante manual não menciona, contudo, qualquer fórmula que contenha Aloe fresca e não aquecida, decorrendo daí que todas essas receitas tenham um efeito diferente do que se consegue com a Aloe fresca, já que a forma aquecida e cristalizada reduz grande parte das forças vitais, curativas naturais e originais.

Essa imensa gama de aplicações já permite supor que a Aloe fresca deva ter um espectro de efeitos benéficos que não é comparável a qualquer outro produto da terra. Assim sendo, a Aloe pode ostentar com toda a razão o título que lhe conferi, de “Imperatriz das Plantas Medicinais“.

Devido do bloqueio e a paralisação das importações dos cristais da Aloe durante e após a 1a. Guerra mundial, esta importante matéria prima chegou a faltar na Europa, fazendo surgir ao mesmo tempo as indústrias farmacêuticas modernas com seus preparados sintéticos. Assim, a Aloe veio a cair no esquecimento. Terminando assim, a fase da utilização da Aloe em forma de cristais denaturizados.

A redescoberta do poder de cura da Aloe fresca

A primeira grande abertura científica e a redescoberta da Aloe em forma natural e não aquecida foi alcançada pelos dois médicos Creston Collins (pai e filho, com o mesmo nome), nos anos 30 do século 20, em Maryland. Era comum acontecer de pacientes, médicos e enfermeiros sofrerem graves queimaduras de pele quando eram feitas radiografias, porque faltava-lhes a devida prática e conhecimento. Foram tentados todos os tratamentos possíveis e o que se revelou mais eficaz foi a aplicação de uma compressa com uma folha fresca de Aloe, cortada ao meio e com a parte interna, carnuda e escorregadia, colocada, diretamente, sobre a ferida. As compressas eram trocadas a cada duas horas e as feridas saravam rapidamente e sem efeitos colaterais.

Os dois médicos Collins passaram a produzir um gel de Aloe, lançado no mercado com o nome de “Alvagel“. Suas descobertas foram publicadas em 1935 na revista The American Journal of Roentgenology. Ainda hoje os americanos chamam a Aloe de “The silent healer“ (Samaritana silenciosa). Essa sensacional notícia, no mundo científico, deu uma volta ao redor do globo terrestre e muitos médicos começaram a adotar esse novo procedimento. A partir daí defrontamo-nos com relatórios do Dr. Carrol D. Wright no Journal of the American Medical Association, em 1936, e de Gilber W. Reynolds, em seu livro The Aloes of Tropical África and Madagascar. Em seu livro ele escreve que, na falta de Aloe vera L., utilizava a Aloe arborescens Miller, fresca, curando todos os casos com total êxito.

Depois desses sucessos, o Dr. J. E. Crewe passou a aplicar a Aloe fresca em inúmeros casos de tumores, eczemas, queimaduras por fogo e água fervente, queimaduras solares, ferimentos e alergias. Todos os seus tratamentos foram coroados de sucesso e, em 1937 e 1939, ele fez relatórios a respeito no Minnesota Journal of Medicine. No mesmo ano, também encontramos relatórios de êxito do Dr. Adolph Loveman e do Dr. Frederick Mandeville. Em todos eles, a Aloe tinha sido empregada fresca, recém-colhida.

Pesquisa e emprego da Aloe a partir de Hiroshima

Após os lançamentos de bombas atômicas, em 1945, sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão, houve, além de mais de 100.000 mortes, igual número de feridos por terríveis queimaduras causadas pela radioatividade. Para ajudar essas vítimas de queimaduras até então desconhecidas, foram testados todos os meios de que a medicina dispunha. Os melhores resultados foram conseguidos com a Aloe fresca.

Em 1953, iniciaram-se testes científicos na base norte-americana de Los Alamos, no Novo México, sob a supervisão da Comissão Americana de Energia Atômica. A direção fora confiada aos Drs. Lushbagh e Hale. Foram testadas diversas drogas para curar queimaduras radioativas em coelhos. Os melhores e mais imediatos resultados foram obtidos pela aplicação de gel fresco de Aloe.

Nos campos de teste de armas atômicas, observou-se que a primeira planta que voltava a crescer no solo contaminado pela radioatividade era a Aloe.

Nos EUA, mantém-se um estoque estratégico de Aloe, como prevenção para uma eventual catástrofe nuclear (vazamento de usina nuclear ou ataque por armas atômicas). Isso transformou-a, novamente, numa planta de importância estratégica como nos tempos de Alexandre Magno. Nesse sentido a Europa e o resto do mundo continuam dormindo!

Outro teste em grande escala foi realizado para observar o efeito de 161 plantas medicinais no combate à tuberculose. Os quatro cientistas do Departamento de Saúde do Michigan, os Drs. Gottshal, Lucas, Lickfeldt e Roberts, isolaram duas plantas medicinais que atuavam contra o bacilo da tuberculose. Tratava-se da Aloe soccotrina e da Aloe chinensis.

Infelizmente, os testes não tiveram seqüência, pois a tuberculose estava, então, regredindo. A revista “Newsweek“ de 8 de novembro de 1999 noticia, porém, num relatório de Thomas Hayden, intitulado “Tuberculosis is making a comeback“, que a tuberculose está voltando com toda a força, por ter-se tornado resistente a antibióticos.

Atualmente há, nos EUA, 18.000 casos de tuberculose por ano, dos quais 1% resistente a antibióticos, ao passo que apenas nas prisões da Rússia vivem 100.000 tuberculosos, dos quais 30% resistentes aos antibióticos. Com a atual liberdade de turismo, a tuberculose deverá espalhar-se por todo o mundo, o que torna indispensável o alerta para o fato de que em 2010 poderá ocorrer grande surto epidêmico, a não ser que sejam tomadas providências imediatas.

No ano de 1999, 104 países já registravam o mesmo problema. Seria aconselhável retomar as pesquisas com a Aloe. A propósito: há alguns anos, um parente meu adoeceu de tuberculose na Alemanha. Foi solicitado não divulgar o caso. Seguramente, tal atitude não contribui para evitar-se o contágio dessa doença, cuja incidência, em 1999, aumentou 50% na Alemanha e que, anualmente, já está custando a vida de dois milhões de seres humanos, em nível mundial. Calcula-se que a cada três habitantes da terra um seja portador do vírus.

Em 23.12.1954, o Dr. Alexander Farkas registrou, em Miami, uma patente de tratamento de ferimentos e queimaduras da pele com Aloe. Em 1963, aconteceu mais uma grande abertura. Três médicos da Florida, os Drs. Blitz, Gerard e Smith, noticiaram a cura de doze enfermos que sofriam de úlcera péptica e que tinham feito uso interno da Aloe. No mesmo ano, apareceram relatórios de pesquisas feitas por uma equipe sob direção da Dra. Lorenzetti que provaram que a Aloe inibe a ação dos seguintes micro-organismos: Staphylococcus aureus, Staphylococcus pyogenes, Corynebacterium xerosis, Shigella paradysenteriae, Salmonella typhy e Salmonella paratyphy.

Em 1973, os médicos egípcios Drs. El Zawahry, Hegazy e Helal anunciaram, no International Journal of Dermatology, o tratamento e a cura, com sumo fresco de Aloe, de úlceras crônicas nas pernas. Em 1974, o Dr. Logai, seguidor das idéias do médico russo Dr. Vladimir Filatow, anunciou o tratamento e a cura de um olho ferido mediante injeções de um extrato de Aloe. Um dos mais renomados cientistas da antiga União Soviética foi o Prof. Dr. Israel Bekhman, diretor do Instituto de Substâncias Bioativas, de Vladivostok. Por seu intermédio, a Aloe tornou-se conhecida em todo o bloco oriental. Enquanto, no ocidente, era mais utilizada a Aloe vera L.; no Oriente, usava-se mais a Aloe arborescens Miller, que também se encontra em áreas próximas ao Mar Negro. Atualmente, a Rússia cultiva a Aloe striatula Haw., que suporta melhor as temperaturas baixas.

Exatamente como o Prof. Dr. Brekhman, também o célebre oftalmologista russo Dr. Vladimir Filatow, de Odessa, dedicou-se à pesquisa da Aloe. Ele tentava conciliar a quimioterapia com a medicina naturalista. Ele recebera seu diploma, pessoalmente, das mãos do czar Nicolau II. Suas descobertas são pioneiras. Nos países do Cáucaso e na Sibéria, pesquisou substâncias ativas das plantas e deixou valiosas sugestões para seus alunos continuarem estudos nessa direção.

Com sua “medicina dialética“, Filatow foi o primeiro a defender a possibilidade de se tratar o paciente de forma integrada, por meio da unidade de quimioterapia e métodos biológicos de tratamento; “não se deve, portanto, apregoar um grito de guerra dos adeptos da cura pela prática natural contra os médicos tradicionais; mas, sim, formar médicos tradicionais com uma visão integral, para que eles possam curar de forma integrada. Antes de curar o paciente, é preciso curar as “universidades doentes“, que passam quase que totalmente por cima da fitoterapia, e as “caixas de assistência médica enfermas“, que não financiam os preparados da medicina natural, por tê-los em conta de “comprovação de cura baseada somente em experiências“, se bem que, aqui, uma nova forma de pensar poderia concorrer de maneira excelente para forçar a redução de custos.“

Depois de ter feito, com sucesso até 1949, mais de mil sensacionais transplantes de córneas, que, inicialmente, foram estimulados por processo biogênico (dez dias no escuro, a 3°C), Filatow passou a estimular também as folhas da Aloe dessa forma. Ele as separava da planta e guardava-as por cerca de dez dias ao abrigo da luz a uma temperatura de 3°C. Depois, elas eram moídas e o suco resultante injetado sob a pele do doente. O extrato revelava efeitos mais poderosos sobre a doença.

É absolutamente novo o processo pelo qual as folhas, separadas do tronco, organizam sua sobrevivência por meio de seus tecidos e isso segue as leis da vida orgânica e não, exclusivamente, da homeopatia. O trabalho do Prof. Dr. Filatow com estimuladores biogênicos constitui, junto com suas inúmeras indicações, (vide: “Heilen mit Aloe“- ‘Curar com Aloe’ – do Dr. Wolfgang Wirth), uma novidade absoluta para a medicina acadêmica ocidental.

Preparado brasileiro de Aloe cura casos de câncer

No ano de 1988, em conversa tida à noite no convento do Rio Grande do Sul com o recém-eleito padre provincial Arno Reckziegel OFM, o padre franciscano brasileiro Frei Romano Zago OFM tomou conhecimento de um suco natural à base de Aloe, usado no Brasil há muitas gerações, ao qual se atribuía a cura até mesmo do câncer.

O padre Arno Reckziegel OFM contou que, nas regiões pobres do Rio Grande do Sul, quase não existia o problema do câncer. Ele já se acostumara a ver pobres pacientes de câncer, que tinham estado à beira da morte, novamente sadios e bem dispostos. O povo simples de lá faz uso de uma velha fórmula, transmitida, verbalmente, de geração a geração, baseada em Aloe/mel/álcool, que também está registrada há muitas décadas em diversos livros brasileiros de medicina natural; mas que, devido à sua simplicidade, por muitos, não é levada a sério. Frei Romano, incrédulo, copiou, mais tarde, a fórmula anotada por um irmão.

Passado algum tempo, ao ser solicitado por uma senhora para que ministrasse o sacramento da unção dos enfermos ao seu marido, hospitalizado em fase terminal de câncer de próstata, lembrou-se o religioso da fórmula e entregou-a ao filho do doente. Este preparou, imediatamente, a mistura de Aloe/mel/álcool e pediu a seu pai que a ingerisse. Três dias depois, a família foi solicitada a levar o doente, incurável e reduzido a pele e ossos para casa, para que lá pudesse morrer em paz. Logo após o regresso ao lar, a esposa notou que o tumor no ventre do enfermo, que alguns dias antes de ele ter tomado a Aloe ainda tinha o tamanho de uma bola de tênis, havia desaparecido. Seu marido voltou a ter apetite, ganhou peso, ficava novamente em pé, cuidava dos animais e ficou, inteiramente, sadio. Encorajado por esse resultado, o padre divulgou a fórmula da Aloe inicialmente no Interior do Rio Grande do Sul. Em todos os lugares, ocorria uma cura com sucesso atrás da outra. Posteriormente, ele foi transferido para Israel. Lá, teve contato, no transcorrer dos anos, com milhares de peregrinos, gravemente, enfermos, que queriam conhecer a Terra Santa antes de falecer. A todos os doentes que assistia, entregava a fórmula da Aloe ou preparava-lhes, ele mesmo a mistura.

Continuamente chegavam relatórios e mais relatórios de curas que preenchiam seus arquivos. Seu nome tornou-se conhecido e ele passou a ser convidado a proferir palestras em Portugal, na Itália e Suíça. Muitos doentes seguiram suas recomendações. Segundo suas observações, cerca de 70 % dos doentes reagiam muito bem à Aloe e chegavam a sarar. O padre Romano Zago OFM é hoje o homem que pode testemunhar o maior número de casos de cura de câncer pela Aloe em todo o mundo, graças a uma simples fórmula de Aloe/mel/álcool, que serviu de tema e estímulo para meu primeiro livro na língua alemã: ¨Krebs, wo ist dein Sieg?” (“Câncer, onde está tua vitória?“)ISBN 978-3-00-031096-6 300 pg, 10 pg. col. EUR 25,00 (mpeuser@hotmail.com)

Eu mesmo conheci esse simpático padre por ocasião de duas conferências em São Paulo: uma, na Associação dos Apicultores e outra realizada por uma agremiação alemã em São Paulo, onde também fiquei conhecendo muitas pessoas que tinham sido curadas com a fórmula da Aloe.

Em 16 de março de 2002, recebi um “e-mail“ da Sra. Ursula Leuchtenberg, da África do Sul. Lá se conhece, há mais de 50 anos, uma bebida preparada com Aloe e uva, que leva o nome de “elixir milagroso“ e que é utilizada, em paralelo, no tratamento de muitas doenças, com significativa melhora nos resultados da terapia médica. A respeito do assunto, a Sra. Leuchtenberg escreveu-me o seguinte: “Descobri essa bebida por acaso e comecei a tomá-la todas as noites, numa colher de chá. Desde então, meu estado de saúde melhorou muito e eu estou entusiasmada. Minha cunhada, na Alemanha, está fortemente acometida de esclerose múltipla. Depois de alguns telefonemas, enviei-lhe uma garrafa, pois havia me contado que não conseguia mover a perna esquerda e que estava passando mal, por causa dos medicamentos e de sua grave doença. Ela não acreditava muito nessa bebida sul-africana, mas começou a tomar todas as noites uma colher de chá cheia dela. Depois de aproximadamente 14 dias, ela observou que seu estado de saúde estava melhorando e que, de repente, não tinha mais problemas com sua perna. Transcorridos outros 14 dias, ela pôde novamente andar e voltou a sentir-se bem.

Os médicos não têm explicações e disseram-lhe que ela deve continuar tomando o preparado, já que lhe está fazendo bem. Há alguns dias, minha cunhada me telefonou e contou-me, felicíssima, que pôde usar, novamente, sua bicicleta e que está pensando em trabalhar.

Eu acredito que o suco de Aloe a ajudou. Ela vinha tomando medicamentos por mais de um ano e seu estado piorava sempre. Como a esclerose múltipla tem seus altos e baixos, queremos aguardar a evolução de seu estado em um ou dois anos, mas o momento conta e ela está melhor. Seu marido e as crianças estão igualmente felizes por ela ter tido uma significativa melhora.”

Nas feiras livres da África do Sul, é oferecida a Aloe arborescens Miller. Infelizmente, os sul-africanos fervem as folhas antes de usá-las e o sumo adquire uma cor avermelhada. Ao ser fervida, a Aloe perde, desnaturada, a maior parcela de seu efeito. Os habitantes da África do Sul deveriam ser melhor orientados para que passassem a usar a Aloe em sua forma natural, sem fervê-la, tanto como bebida vital, quanto para tratamento da pele.

Desses relatórios podemos depreender que a Aloe acompanha a humanidade há séculos e que tem uma posição de destaque entre todas as espécies de frutas e legumes, na preservação e recuperação da saúde.

Aloe também na cura de animais

Mas esse papel especial da Aloe não se restringe à saúde humana. Também para a saúde dos animais não podemos prescindir dela. A respeito disso existe um extenso relatório na revista “Horse Business” Dez/98 pag. 70-72: “Um problema bastante comum na clínica de eqüinos, ainda que pouco percebido e nem sempre tratado eficientemente por apresentar sintomas tão vagos e inespecíficos, é a ‘síndrome de letargia’. Ela pode ser resumida como uma leucopenia persistente, por vezes associada ao stress orgânico e mental tal como sofrido pelos cavalos em competição, quando submetidos a uma rotina intensa de treinamento, viagens e concursos. Ainda que esses animais tenham um apetite normal e possam estar em boas condições, apresentam pouca tolerância ao exercício e se apresentam abatidos e letárgicos quando encocheirados. Alguns animais apresentam uma anemia concomitante. Nem sempre essa síndrome está associada a uma causa primária – tal como uma infecção viral ou bacteriana. Ainda que alguns animais afetados se recuperem espontaneamente depois de certo tempo, outros permanecem letárgicos por meses ou anos, ou não respondem à administração de compostos vitamínicos-minerais, antibióticos, nem a outras terapias correntes. Testes de campo realizados com cavalos afetados por esta síndrome mostraram que a maior parte deles respondeu, favoravelmente, à suplementação oral do gel de Aloe, mesmo aqueles que não haviam mostrado resposta positiva a outras substâncias consideradas imunogênicas. Hematologicamente, a série branca retornava ao normal ou apresentava consideráveis melhoras em média após três semanas do início do tratamento.”

O suco da Aloe é muito usado no tratamento do gado e de eqüinos, que se ferem com facilidade. Dá para concluir que, também no campo da veterinária, não se encontra medicamento que tenha um efeito de cura mais rápido.

Um amigo meu comprou uma muda de Aloe muito bonita no mercado de Stuttgart/Alemanha. Ao levá-la, orgulhoso, para casa, teve de passar primeiro por seu estábulo. Ao avistar a planta nas mãos de meu amigo, um dos cavalos imediatamente a abocanhou e engoliu. Como vemos, mesmo os animais reconhecem o valor da Aloe na preservação de sua saúde.

O Dr. Windel Winters, do Centro de Ciência da Saúde da Universidade do Texas, em San Antonio, encerrou sua pesquisa mundial sobre a Aloe com a seguinte frase: “Acreditamos que a Aloe é realmente uma farmácia em uma única planta“.

H.R. McDaniel, M.D., patologista e pesquisador no Centro Médico de Dallas-Fort Worth, chegou à seguinte conclusão: “A utilização da Aloe vera será o passo mais importante no tratamento de doenças na história da humanidade.“

O texto deste artigo é do um capítulo do livro do Autor Michael Peuser; "OS CAPILARES DETERMINAM NOSSO DESTINO", 330 pag. 6 pag. col. R$ 50,00 (no Brasil) e EUR 25,00 (exterior).
Pedidos: www.aloevital.com.br ou em todas as livrarias do Brasil ISBN 85-89850-01-3
Este livro é uma tradução do bestseller alemão: "Kapillaren bestimmen unser Schicksal".
Livro homenageado com um "VOTO DE APLAUSO" pelo Senado Federal em Brasília no mes de abril de 2010.

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